Elaynne Camilla

Passarinho verde,
coração disparado,
poemor.

Lá vem
nova dor
no mesmo peito
do mesmo jeito
sofredor.

E. C.
Marcadores: 2 comentários | edit post
Elaynne Camilla

Do teu amor
que não ouço,
ainda ouso dizer
que é meu.

E se a dor consome
cada vez que o teu nome
beija meus lábios

A água salgada
que meus dedos bebem
brota
entre cacos
cortantes
desse corpo em solidão.

E. C.
Marcadores: 0 comentários | edit post
Elaynne Camilla

Olho no espelho
desconheço.
Pela manhã
anoiteço.

Nas fotos de outrora,
partes perdidas...
Espaços preenchidos
de pincéis e tintas.

Nos diários?
Outras perguntas.
Outras vidas.

Dentro?
Vozes em silêncio...
Palavras escondidas.

E. C.
Elaynne Camilla

Ontem,
todos os abraços
moradas de amigos.
Cada sorriso mapeado
Os segredos compartilhados
os olhares de aviso
as palavras de consolo
O choro, o riso.
O circo, a festa.

Hoje, cada um com a sua meta
e seu caminho tão longo...
distante.
As ausências...
as palavras breves
os olhares desviados
os sorrisos forçados
as fotos amareladas.

Moral da história:
Sentimentos não
têm prazo de validade
e o tempo só leva
o que esquecemos
pelo caminho.

E. C.
Elaynne Camilla

Escrevo no papel de pão.
É a carência
de papéis, palavras e pão.

Fome que mata
A inspiração nossa de cada dia.
E agora, Maria?

E. C.
Marcadores: 0 comentários | edit post
Elaynne Camilla

Sou metade
com uma dor inteira.
Envolta por camadas
de combate diário.

O avesso do verso
é a verdade.
Pelo não-dito
falo e valho.

E. C.
Elaynne Camilla

Escrevo-te
no poema que traço.
E com as palavras que escolho
Revelo o elo [sonho].
Lanço o laço
Acolhendo entre abraços
Teu corpo.

Faço-o amado
nos espaços – entrelinhas.
Uso a fantasia
nos dias sem folia.

E. C.
Marcadores: 0 comentários | edit post
Elaynne Camilla
...
Elaynne Camilla

Erro.
A palavra sai
com gosto de arrependimento.

Apago.
O papel fica marcado
como meu peito.

Refaço.
O poema termina em branco
navegando num barquinho de papel.

E. C.
Marcadores: 1 comentários | edit post
Elaynne Camilla

Não sei o que sinto.
Talvez porque não sinta nada.
Forjo diagnósticos
Curas imaginárias
É...
Estou em quarentena
Sempre que parto.

E. C.
Elaynne Camilla

Não vivo
Resisto ao tempo...
com migalhas de pão
e restos de amor
não correspondido.

E. C.
Elaynne Camilla

Percebi que forço
Finjo dor
Para ser.
Corto a carne
com palavras afiadas.

No papel,
Uma mancha vermelha.
Sangue?
Não.
Tinta de caneta.

E. C.
Elaynne Camilla

Voltei para casa
mas algo de mim
ficou repetindo naquela tela.
Uma parte que escondo
Em cada palavra que escolho.

Meu nome
Minha solidão
Outros vícios para
encobrir ilusões...

Procura do outro
do toque que chega a alma.
Desespero da carne
mortalmente usada.

Cicatrizes:
Marcas da vida
na superfície pura.
Algumas doloridas,
A maioria... nem
o tempo cura.

E. C.
Elaynne Camilla

Olho no espelho
desconheço.
Pela manhã
anoiteço.
Nas fotos de outrora,
partes perdidas...
Espaços preenchidos
de pincéis e tintas.
Nos diários?
Outras perguntas.
Outras vidas.
Dentro?
Vozes em silêncio
Palavras escondidas.

E. C.
Elaynne Camilla

Por fora, a casca.
Por dentro sou pele
Que repele o toque
oco.

Por fora, o segredo.
Por dentro sou boca
Que repete o nome em
eco.

Alma leve
Presa no peso da pegada
que o vento leva...

E. C.
Elaynne Camilla

A palavra anda presa
E nessa vida cheia
Cada coisa ressalta
Esse vazio.

Se mudo inteiro
Nesse mundo só me perco
Em meio ao perfeito,
Mudo e oco.

Todo cheio de deserto
Caminho incerto
De encontro ao medo.

Transbordando o corpo
Nem meio nem todo
Tanto eco.

E. C.
Marcadores: 2 comentários | edit post
Elaynne Camilla

Se for quebrar, não toque!
Se for passar, não pise!
Se não quiser despertar, não beije!
Se não for amar, não insista!
Se for esquecer, não marque!
Se quiser voltar, que fique!
Se for morar, que cuide...
Se for,
depois de bem-querer,
Só espero
que me leve.

E. C.
Marcadores: 1 comentários | edit post
Elaynne Camilla


A poesia está nas ruas
Nos nomes entrelaçados nas árvores
Nos braços dados que caminham
Na bolha de sabão
Que desaparece na palma da mão...
No silêncio do olhar amante
Nas páginas dos diários
- registro de uma vida.
Nas folhas levadas pela brisa
Nas pétalas do mal-me-quer
No aconchego dos teus abraços
No calor do sorriso
No caminho da lágrima no rosto
Na flor que cresce no muro
Entre passos apressados
Nos espaços entre as linhas...
Nos fatos
Nos sonhos
Nos tombos...

Mas o poema sou eu que faço
Na pequenez do meu quarto,
Na imensidão do meu mundo.

E. C.
Elaynne Camilla

Ando por aí.
Quem sabe você se abala
Como este rastro de bala que rasga meu peito.

Não volto.
Divago pelas ruas
procurando marcas tuas...

Ainda te esqueço.
Trilho meu caminho
E entre passos apressados
Parto.

E. C.
Marcadores: 3 comentários | edit post
Elaynne Camilla

No rosto despido de máscara
Marcas
Defeitos
Beleza real
do imperfeito.

Brilho de olhar nublado
Que, às vezes, chove
e dissolve as impurezas.

Boca que espera
O calor sincero
de outros beijos.

Coração
Buscando outra batida.
Solidão
que também faz companhia.

E. C.
Elaynne Camilla

Uma lágrima
Não cala um sorriso
Sintoma de água
Que brota entre pedras
para gravar seu caminho.

Irrigar a flor que desabrocha
no meio da rocha.
Gravar na memória
O instante do sonho
de ser parte.

Mas quando a gota salgada
que rola no rosto
mistura-se às letras do papel
Desperta o gosto
Reparte o sabor
dessa história que começa pelo fim.

E. C.
Marcadores: 2 comentários | edit post
Elaynne Camilla

Do poema que me visto
Só rabisco
Tinta apagada
pelo abuso da borracha.

Já não digo
Repito...
Só nada
ou soneto?

Arrisco.
Pinto as letras
das cores de borboleta.

Brinco:
de ser menina
e poeta.

E. C.
Elaynne Camilla

Vende-se um coração...
Sofrido, mas inteiro.
Devolvido pelo correio
Pelo único dono verdadeiro.

Resistente de ilusões
Com alguns poucos arranhões
Com espaço para milhões
Batendo forte dentro do peito.

Usado, mas garantido.
Verdadeiro, profundo e amoroso.
Sem malícia, maldade ou engodo.

Buscando outro
Com a mesma batida
Para parar de vez.

E. C.
Marcadores: 1 comentários | edit post
Elaynne Camilla

Descobri tarde demais...
Que as coisas são passageiras.
Que os amigos são lembranças.
Que os machucados deixam marcas.
Que os sonhos nunca acabam.
Que a tristeza faz morada.
Que um olhar diz tudo
Quando a boca cala.

Descobri tarde demais...
Que eu sou memória
Dos instantes que vivi,
Das lágrimas que derramei,
Das pessoas que eu amei,
E de muito que não sei.

Descobri tarde demais...
Que as flores murcham sempre que possuídas.
Que os pássaros cantam mais bonito fora da gaiola.
Que as pedras só enfeitam o nosso caminho.
Que todo fim é um começo.

Descobri e isso já é tudo.
Porque sempre há tempo para recomeçar...

E. C.
Elaynne Camilla

Tudo que há em mim
São raspas de sentimentos
Lascas de pensamentos
Sobras de amores perdidos
Versos quebrados
Desenhos incompletos
Desertos...

Pedaços do mundo
Portas fechadas
Caminhos dispersos
Pedras lançadas
Mágoas...

Chuvas passageiras
Neblina
Silêncio cheio de gritos...
Eco de nome esquecido.
Rascunho de rosto envelhecido.

E. C.
Elaynne Camilla

Quanto se perde em achar?
Quantos sonham em realizar?
Quantas moedas no fundo da fonte?

E. C.
Elaynne Camilla

Belo belo belo.
Se nem tenho tudo que quero
E tudo que tenho é desperdício.
Não tenho amores-perfeitos
Eles só crescem no jardim do vizinho.

Chega o dia, amanheceu
E a noite não me abandona
Tudo breu.

Se o vulcão extinto
A lava jorra.
No meu peito, a mesma
Artéria aorta um tanto torta.

O combate é diário.
O amor é utopia.
E as coisas simples?
Essas são retratos de outrora.

E. C.
Elaynne Camilla


Não sei se ouso
Mas ouço
O simples vôo do meu pensamento
Desenhando seu nome.

E. C.
Marcadores: 1 comentários | edit post
Elaynne Camilla


Uma flor murcha
dentro do livro amarelado...
Sinal de amor guardado.

E. C.

*Haicai. Poema de origem japonesa que valoriza a concisão e a objetividade, escrito com 17 sílabas poéticas.
Marcadores: 3 comentários | edit post
Elaynne Camilla

Palavras...
Quisera tê-las
Ser de letras
Escrever

Dizer o não-dito
Paixão pelo ouvido
Que da boca escorre
nas pontas dos dedos.

Mela a folha branca
Colorindo a alma.
Interrompendo
ou prolongando
o meu silêncio.

Rima imperfeita
Palavra lançada
Ao desespero
De dizer o que cala
dentro do peito...

E continua
Quando digo fim.

E. C.
Marcadores: 1 comentários | edit post